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A REDESCOBERTA DA TV
Em artigo recentemente publicado no Valor Econômico, o professor Simon Johnson, da Escola de Administração Sloan (MIT), escreve que o mundo como o conhecemos antes da chegada da novo Coronavírus (Covid-19) se foi e não voltará mais. E isso nos leva a refletir, semanas depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar o estado de pandemia, sobre as mudanças que tudo isso irá provocar na maneira de fazer mídia.
Afora todos os efeitos dramáticos na saúde pública e extremamente severos na economia, talvez já não seja cedo demais para afirmar que, sim, o modo de pensar a comunicação e a mídia também irão precisar se adaptar a uma nova era, a uma história que está sendo escrita diariamente.
Nos próximos tempos, previsões realistas sugerem que a vida social das pessoas tende a ser significativamente alterada, com o provável veto ou acesso com restrições a eventos com aglomerações de pessoas por um período ainda difícil de ser dimensionado. Até mesmo a mobilidade internacional das pessoas, do Brasil para a Europa ou Estados Unidos, tende a ser significativamente restrita. Tudo isso leva a crer que por um bom tempo as pessoas redescubram o prazer de viver e conviver em casa.
Nesse cenário, a sala de casa — onde a família e os amigos se reúnem para comer, conversar, relaxar das tensões do dia a dia — tende a ser um ambiente novamente valorizado. E o aparelho de TV funciona como um fator agregador.
É fato que as redes de TV, especialmente as de sinal aberto, ganharam a concorrência das novas mídias. Hoje, os controles remotos das TVs têm botão direto para canais de streaming ou redes sociais que exibem vídeos. E parte do mercado publicitário vem apostando nessas mídias.
Mas também é lícito afirmar que, nesses tempos de pandemia, a população se reencontrou com o jornalismo profissional, praticado por veículos tradicionais (jornais, rádios e redes de TV) que têm compromisso com a veracidade da informação, com o processo exaustivo de checar e rechecar as informações, dando voz a fontes idôneas em que prevalece o conhecimento e a ciência e a voz dos especialistas.
Uma prova disso é recente levantamento do Kantar Ibope Media em 15 capitais brasileira entre os dias 23 e 29 de março. Segundo a pesquisa, a TV é o meio mais utilizado pelos brasileiros na busca por informação, tendo sido usada por 92% dos lares em março. É ainda o meio mais confiável para 79% dos entrevistados. O Jornal Nacional, da TV Globo, telejornal de maior prestígio do País, chegou a 33,1% de audiência domiciliar, em média, e 49,4% de percentual de pessoas diferentes impactadas pelo programa.
Em Minas Gerais, como mais antigos afiliados da Rede Globo, com presença em parte expressiva do interior de Minas (Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Centro-Oeste de
Minas, Noroeste de Minas, Zona da Mata e Campo das Vertentes/parte do Sul de Minas), o que percebemos é que esse momento abre oportunidades para uma parceria ainda mais sólida com os anunciantes.
Somos uma rede regional. Vivemos do mercado local. Conhecemos bem esse mercado porque crescemos na medida que ele se desenvolveu. Sabemos dialogar com o pequeno cliente e o pequeno anunciante. Um dos nossos clientes, hoje uma grande rede de supermercado, já foi um açougue. Estamos juntos desde o início – ele acreditou no potencial e somos parceiros comerciais de longa data.
Essa característica das TVs regionais, por mais que avancem as novas mídias, é algo construído em uma relação de muitos e muitos anos e se traduz em credibilidade. Não foram e não são poucos os casos de pessoas e empresas em dificuldades que encontraram em nosso telejornalismo seu conforto, seu abrigo e sua solução. Foram várias tempestades que cobrimos e não apenas os dias de sol. Levamos luz em muitos casos, quando tudo estava escuro – como agora.
É por isso que vamos nesse momento, com toda a nossa responsabilidade de prestação de serviço público essencial, principalmente combatendo as fake news, a possibilidade de estabelecer uma ligação ainda maior com os anunciantes, os já existentes e os novos.
Claro, temos o papel de os reinventar a cada instante, perceber as transformações de mercado para apresentar soluções que dialoguem com públicos de todas as idades e perfis – e criar oportunidades criativas, especialmente, em programas de entretenimento, de estabelecer esse link com as novas mídias à qual todos têm acesso na palma da mão.
Muitos dizem que existirão os tempos Antes do Corona e Depois do Corona. Como um dos maiores afiliados da Rede Globo no País, que transmite seu sinal de forma gratuita para um potencial de 6 milhões de pessoas em todo o País, estamos engajados nessa missão de criar razões para que as pessoas fiquem ainda mais motivadas para ver na TV uma fonte de informação, lazer, conhecimento e entretenimento, com benefícios para todos os elos, inclusive o mercado publicitário.
*Rogério Nery de Siqueira Silva é CEO do Grupo Integração (afiliada da TV Globo no Triângulo Mineiro) e ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais