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O ‘NOVO NORMAL’ NA CULTURA ORGANIZACIONAL DE QUEM FAZ TV
Foi, assim, meio de supetão. De um dia para outro, quando foi declarada o estado de pandemia do novo Coronavírus (Covid-19), quase todos nós tivemos que adaptar nossas rotinas e incorporar o home office.
Para nós, que gerenciamos uma afiliada da TV Globo em Minas Gerais – a Rede Integração, que alcança cerca de seis milhões de telespectadores em mais de 200 municípios do interior –, a mudança foi complexa, mas ágil.
Afinal, boa parte da nossa atividade é lidar com pessoas. Seja nas ruas, com o trabalho de jornalistas, cinegrafistas e técnicos que cobrem o dia a dia de cidades importantes como Uberlândia, Uberaba e Juiz de Fora; seja nos estúdios, com os telejornais com hora certa para entrar no ar e programas de entretenimento que reforçam a identidade local tão relevante para um estado tradicional como Minas.
Havia um desafio grande. Fazer TV envolve tecnologia, precisão, timing. E o mais relevante: nada acontece sem as pessoas. Todos nós estamos reaprendendo e, no meio do jogo, cada um está procurando moldar-se às novas regras de como trabalhar à distância.
Mesmo nessa situação extraordinária, conseguimos rapidamente organizar processos que possibilitaram potencializar o capital humano, colocando a maior parte de nossas equipes em casa e apenas uma pequena parte nas ruas ou nos estúdios, mas obedecendo rigorosamente todas as medidas de distanciamento e de prevenção recomendadas pelas autoridades de saúde.
Criamos o Comitê de Conscientização e Prevenção ao Covid-19, com a participação de colaboradores de todas as praças, garantindo assim uniformidade de ações, maior agilidade na transmissão de informações seguras e transparentes e na tomada de decisão. Matérias sobre prevenção são divulgadas diariamente em nossas redes.
Como uma empresa de comunicação, acreditamos que nossos colaboradores precisam estar sempre informados em relação à sua vida profissional, com mobilidade, de forma praticamente instantânea, fácil, versátil e acessível com mobilidade. É o que buscamos com as atualizações de acesso do nosso Portal do Colaborador.
Rapidamente nossas equipes assimilaram as reuniões em formato de lives. Direcionamos vários temas e debates imprescindíveis para o momento, de modo que todos participassem por essa interface em tempo real. Os cursos de ensino a distância da Universidade Globo também estão sendo muito utilizados como modalidade de desenvolvimento.
Incentivamos, ainda, a leitura de matérias sobre formas adequadas de realizar home office, com dicas e sugestões visando uma rápida assimilação desta nova forma de trabalho, garantindo, assim, a produtividade das operações.
Também buscamos um modo diferenciado de desenvolvimento por meio da Filosofia, um caminho profundo para entendermos o momento peculiar que vivemos. É preciso aprender a enxergar com novos olhos o que acontece neste momento e preparar as equipes, integradas por pessoas com características particulares, para os desafios que virão.
Nesse novo momento, teremos que nos reinventar para continuar nossa jornada de desenvolver pessoas utilizando tecnologias e criatividade. Mais do que nunca, o papel das lideranças se torna essencial. É preciso estar muito mais próximo, e de forma diferente, para ouvir, perguntar, sentir, romper as distâncias físicas e procurar formas de buscar dentro de cada colaborador aquilo que o motiva, estando lado a lado – sempre.
Um exemplo disso é a Roda de Conversa, agora realizada por live, momento em que me disponho a estar com todos os colaboradores, independente de localização física, cobrindo nossas praças, com objetivo de aproximar, ouvir, informar, tirar dúvidas e principalmente trabalhar nossa cultura organizacional.
O engajamento e o profissionalismo foram acima das expectativas, o que propiciou uma grande produtividade. Estamos gerando conteúdo relevante num serviço que é essencial para a sociedade: informação e entretimento (que atenua a angústia desses dias).
Nesse “novo normal”, que aparentemente deve se prolongar enquanto não houver uma vacina anti-Covid-19, há mudanças que vêm para ficar:
- Seremos indiscutivelmente mais online e conectados às redes.
- A tecnologia nos aproximou. Faremos mais atividades e teremos mais compromissos pessoais ou profissionais, pois aprendemos a comunicar por meio de telas e a administrar o tempo.
- Teremos mudanças drásticas e hábitos que terão reflexos em escolhas de marcas, produtos, serviços, lazer e entretenimento.
Sim, é preciso reconhecer que é um tanto preocupante o distanciamento físico entre liderança e equipes de produção. Nossa tradição é muito presencial.
Mas a experiência desses mais de três meses de pandemia reforça uma certeza: a vontade permanente de aprender, a capacidade de adaptação e ter um bom repertório de habilidades são atributos essenciais para um profissional nessa nova era – e não só no setor de comunicação.
Podemos tirar várias lições dessa crise, mas tudo depende de como cada um olha o copo. Sua parte cheia tem que ser valorizada e aquela que ainda esteja vazia deve ser trabalhada intensamente. No final das contas, o desenvolvimento pessoal deve ter apoio da organização, mas a sua busca é uma missão indelegável.
*Rogério Nery de Siqueira Silva é CEO do Grupo Integração (afiliada da TV Globo no Triângulo Mineiro) e ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais
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