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Rogério Nery Entrevista Maria Luiza Maia Oliveira (Fecomércio Mg)

Diante dos efeitos econômicos da pandemia, é preciso um esforço nas diferentes esferas de governo para adotar medidas para a sobrevivência das empresas e manutenção de empregos. A mensagem é de Maria Luiza Maia Oliveira, principal liderança do setor comercial em Minas Gerais.

Maria Luiza é presidente interina da Fecomércio MG e conselheira do Senac em Minas, entidade que representa 580 mil empresários do comércio de bens, serviços e turismo.

Segundo ela, a Fecomércio MG compreende a decisão tomada pelo governo de Minas Gerais que apertou as medidas restritivas para combater a Covid-19.

A belorizontina, no entanto, alerta que o setor terciário pede socorro. “Os empresários não conseguem mais arcar com suas obrigações financeiras sem o apoio governamental”, explica.

Com três graduações (Economia, Ciências Contábeis e Administração de Empresas, todas pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), Maria Luiza tem trajetória empreendedora, com atuação no ramo imobiliário.

É sócia na empresa RHO – Investimentos e Participações Ltda. Também é fundadora do Sindicato do Comércio de Itabirito (Sincovita), em 2000, e da Agência de Desenvolvimento Econômico e Social de Itabirito (Adesita), em 2003.

Incansável, pertence a vários conselhos (municipais, estaduais e federais), incluindo do Senac em Minas, e participa da diretoria da Fecomércio MG desde 2007.

“Maria Luiza é a primeira mulher a ocupar essa função na Fecomércio MG, onde está desde junho de 2019 de forma interina. É admirável sua tenacidade na defesa deste setor tão relevante para o desenvolvimento econômico e social de Minas. Estado e as prefeituras precisam se esforçar ainda mais para encontrar soluções que atenuem os efeitos negativos da pandemia no comércio, um grande gerador de empregos e renda”, observa o CEO da Rede Integração, Rogério Nery Siqueira e Silva.

Nessa entrevista, a presidente interina fala das ações da Fecomércio MG e também do Senac e Sesc nesse momento sem precedentes na história recente do País.

  1. Rogério Nery de Siqueira Silva – Passado pouco mais de 12 meses de pandemia, a Fecomércio MG tem uma radiografia detalhada de como o comércio mineiro foi afetado? O IBGE apontou uma queda de 4,5% no PIB no segmento de serviços em 2020. Em Minas, como foi o tombo? Quais os principais números? Muitas empresas fecharam as portas definitivamente?

Maria Luiza Maia Oliveira – Por ser a principal fonte empregadora do estado e a ponta entre produtores e consumidores, o comércio de bens, serviços e turismo é quem mais sofre com os efeitos da pandemia. Uma pesquisa da área de Estudos Econômicos da Fecomércio MG, divulgada em janeiro, mostrou que 81,4% dos empresários do setor tiveram ou ainda acumulavam prejuízos em seus negócios durante a pandemia em Minas Gerais. Entre as principais perdas constavam a queda na receita (56,8%), a redução no quadro de funcionários (14,8%) e o acúmulo de estoque (11,1%).

Para amenizar os impactos da crise e da retomada inconsciente do mercado, os empresários optaram por diminuir pedidos de estoque (33,6%) e negociar contratos de aluguel e prestação de serviços (28,2%). Segundo os empresários do setor, o fluxo de clientes não retornou ao nível pré-pandemia em 45% das lojas, ficando abaixo das expectativas para 61,9% dos entrevistados.

A combinação desses fatores, agravados pela falta de previsibilidade das ações de retomada da economia, levaram a uma queda de 3,9% do PIB mineiro, segundo a Fundação João Pinheiro (FJP). Já a retração no setor de serviços foi ainda maior: 5,4% no Volume Adicionado Bruto (VAB). Com isso, dos 75 mil estabelecimentos comerciais fechados no Brasil, 9,55 mil estavam em Minas. Esse levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) só reforça o que temos pregado: o comércio não é o vilão da pandemia. Com respeito aos protocolos de segurança, é possível mantê-lo aberto e fazer a economia funcionar.

2. Rogério Nery de Siqueira Silva – Minas Gerais adotou na metade de março a onda roxa, conforme o plano Minas Consciente. Como o setor reagiu ao aperto de medidas restritivas?

Maria Luiza Maia Oliveira – Ciente da gravidade do momento, marcado pelo crescente número de casos de Covid-19 no estado, a Fecomércio MG compreende a decisão tomada pelo governo de Minas Gerais. No entanto, a entidade – que representa 580 mil empresários do comércio de bens, serviços e turismo – alerta que o setor terciário pede socorro. Os empresários não conseguem mais arcar com suas obrigações financeiras sem o apoio governamental.

É preciso um esforço nas diferentes esferas de governo para adotar medidas financeiras, como a prorrogação e suspensão de débitos tributários e não tributários, a extensão e revisão de prazos de pagamento de taxas de empréstimo, além do retorno do programa de suspensão temporária de contratos de trabalho e redução proporcional de salário e jornada. Essas medidas são essenciais para não só para o futuro da economia no estado, mas para a manutenção de empresas e empregos em todo o país.

3. Rogério Nery de Siqueira Silva – A segunda onda chegou de forma devastadora em praticamente todo o País, com UTIs lotadas e até mesmo falta de médicos para ampliar o atendimento. Como conciliar a necessidade de reduzir os índices de transmissão com o enfrentamento da crise que vem se abatendo no setor comercial, em dificuldades para fechar as contas?

Maria Luiza Maia Oliveira – Diante da grave crise vivenciada por toda a sociedade, é necessário analisar as possíveis frentes de atuação para que se possa trabalhar de forma equilibrada, conciliando a saúde da população e as necessidades da economia. Por isso, a Fecomércio MG defende que o fechamento do comércio não deve ser a única alternativa no enfrentamento à pandemia.

É preciso empenho na implantação de outras medidas e políticas públicas para conter o avanço da pandemia em Minas Gerais. Entre as ações podemos citar a ampliação no número de leitos de UTI, a intensificação e melhoria na fiscalização de aglomerações clandestinas, a promoção de campanhas de conscientização, a exigência do aumento da frota e do cumprimento dos horários do transporte coletivo e planejamento logístico para agilizar a vacinação no estado.

Além disso, a Federação tem conseguido vitórias estratégicas para o setor, como a prorrogação e suspensão de diversos prazos tributários estaduais e melhores condições para a quitação de tarifas de água e energia. Em conjunto com o Colégio de Representantes dos Contribuintes Mineiros, a entidade também conseguiu autorização do Confaz para que Minas Gerais possa instituir um Refis para dívidas de ICMS, com descontos de até 90% nos juros e multas. Sabemos que conciliar saúde e economia é uma missão difícil, mas temos feito a nossa parte.

4. Rogério Nery de Siqueira Silva – Os prognósticos de epidemiologistas não são muito otimistas nesse primeiro semestre, o que afeta as vendas em datas com bastante apelo, incluindo o Dia das Mães e o Dia dos Namorados. Quais as expectativas para essas datas?

Maria Luiza Maia Oliveira – Todos os anos, realizamos pesquisas com os empresários para avaliar como será a expectativa em relação às datas comemorativas. No entanto, devido ao cenário provocado pela pandemia, as perspectivas têm oscilado de acordo com momento que o comércio vivencia. O Dia das Mães, por exemplo, é a data mais rentável do primeiro semestre e, assim como o Dia dos Namorados, exerce um efeito sazonal no calendário varejista. Em datas assim, os consumidores são movidos principalmente pelo apelo emotivo e comercial para efetuar as compras.

Naturalmente, se o funcionamento do comércio ainda estiver comprometido, o impacto no volume de vendas dos estabelecimentos pode ser significativo. Por isso, é importante que o empresário se adapte e adote outros meios para manter as atividades de sua empresa, seja por meio digital ou por delivery. Além disso, há a expectativa de injeção de recursos, ainda que menores, como o auxílio emergencial, garantindo fôlego extras às vendas desse período.

5. Rogério Nery de Siqueira Silva – No ano passado, a MP 936, transformada posteriormente em decreto, autorizou a suspensão de contrato e redução de jornada e salário de empregados, além do prolongamento de prazos para recolhimento de tributos. No plano federal, a Fecomércio MG vê a reedição dessa medida como questão de sobrevivência para o setor? E no plano estadual e municipal, o que seria necessário?

Maria Luiza Maia Oliveira – A Fecomércio MG reforça a urgência na adoção de medidas que contribuam para minimizar os impactos da pandemia no comércio de bens, serviços e turismo. Por isso, pede união nas esferas federal, estadual e municipais. Como reflexo de seus esforços, a Federação tem atuado, junto à CNC, pela reedição do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm).

Por se tratar de uma medida indispensável ao futuro do setor empresarial e do mercado de trabalho, defendemos a rápida regulamentação da iniciativa. Com o BEm, as empresas poderão suspender temporariamente os contratos de trabalho e reduzir jornadas e salários de forma proporcional, viabilizando a manutenção das empresas e dos empregos. Em 2020, 11 milhões de postos de trabalho foram preservados com o programa.

Em âmbito estadual, a entidade pediu ao governo que avalie a possiblidade de atuar junto ao Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para a criação de linhas de crédito mais baratas e menos burocráticas. Também solicitamos uma reavaliação das atividades do comércio de bens e serviços inseridas na onda roxa, de forma a flexibilizá-las, além da urgente implantação de medidas tributárias efetivas.

Na esfera municipal, os principais empecilhos são os decretos. Antes da adesão obrigatória à onda roxa, já tínhamos um cenário com alguns decretos municípios mais restritivos, como é o caso de Belo Horizonte. Nesse sentido, é preciso que o Poder Executivo Municipal esteja aberto ao diálogo com as entidades, que estão à disposição para debater e propor soluções que preservem vidas e contribuam para a reabertura das atividades empresariais. Sem confiança e previsibilidade, o empresário sofre com a dificuldade de acesso ao crédito, com o pagamento de obrigações tributárias e não tributárias e o encerramento de empresas.

6. Rogério Nery de Siqueira Silva – Sem entrar no mérito de questões político-partidárias, a falta de coordenação entre as medidas em diversas esferas tem sido o fator de maior gravidade para os gestores do setor comercial, especialmente aqueles que precisam funcionar com as portas abertas para os clientes?

Maria Luiza Maia Oliveira – Os empresários vêm se esforçando para manter os seus negócios. Eles investem para adaptar as empresas segundo os protocolos sanitários, cortam gastos, reveem contratos, gastam tempo e recursos nas redes sociais, estruturaram sua operação para vender por delivery, buscam soluções jurídicas para ganhar mais fôlego e honrar com seus compromissos financeiros. Mas nada disso adianta se não houver previsibilidade nas ações de combate à pandemia.

Todos os setores da sociedade estão sofrendo com os efeitos da crise, porque ela afeta dos lados sensíveis: a saúde e a economia. A Fecomércio MG se preocupa com os empresários, que veem seus estabelecimentos findarem a cada dia, sem previsibilidade ou solução efetiva para salvar seus negócios. Sozinhos, não conseguem arcar com todos os efeitos provocados pela pandemia. Por isso, é preciso união de todos, principalmente apoio federal para a aprovação de programas e leis que auxiliem os brasileiros neste grave momento da história mundial.

Por outro lado, a Fecomércio MG acredita que é preciso que toda a população fortaleça o compromisso em zelar pela saúde, seguindo as orientações das autoridades de saúde e se engajando na campanha de imunização contra o Covid-19. Só com a população vacinada, os cuidados com a higiene, previsibilidade por parte dos governos e ações em favor das empresas será possível pensar no futuro e reabrir as atividades empresariais de forma definitiva.

7. Rogério Nery de Siqueira Silva – O País ainda sofre com um ritmo de vacinação aquém do necessário para conter a alta dos indicadores de casos e óbitos. Para a sobrevivência do setor, qual a relevância de o plano de imunização ser acelerado? E de que modo a Fecomércio, em nível estadual e nacional, tem se articulado para ajudar as autoridades a encontrar uma solução? Quais as expectativas para o segundo semestre? Dá para sonhar com dias melhores em datas como Dia dos Pais, Dia das Crianças, Black Friday e o Natal?

Maria Luiza Maia Oliveira – A Fecomércio MG defende que é preciso ampliar e acelerar o programa de imunização contra Covid-19. Afinal, só com todos vacinados, poderemos garantir o futuro da nossa economia e a reabertura definitiva das atividades, resgatando a confiança de empresários e consumidores. A confiança é condição essencial para que o comércio de bens, serviços e turismo possa recuperar as vendas, gerar novos empregos e renda e superar os efeitos da pandemia.

Em busca de soluções para equilibrar a saúde da população e a retomada das atividades em Minas Gerais, o Sistema Fecomércio MG, Sesc e Senac aderiu ao movimento “Unidos pela Vacina”. A iniciativa, liderada pela presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza e do Grupo Mulheres do Brasil, Luiza Helena Trajano, tem como meta acelerar a vacinação de toda a população brasileira contra o Covid-19 até setembro de 2021.

Em paralelo ao “Unidos pela Vacina”, o Sistema Comércio, do qual a Fecomércio MG faz parte, tem mobilizado Sesc e Senac Nacionais nas ações de imunização. Em nosso estado, o Sesc em Minas disponibilizou suas unidades para as prefeituras e a Secretaria de Estado de Saúde utilizarem como locais de vacinação contra o Covid-19. A instituição é uma das parceiras das prefeituras de Belo Horizonte e Santa Luzia nessa campanha contra o coronavírus.

Naturalmente, as expectativas em relação ao segundo semestre serão ditadas pelo avanço da vacinação. Por isso, é preciso uma articulação entre os governos federal, estadual e municipais para que tenhamos o maior número de pessoas vacinadas até o fim do primeiro semestre. Historicamente, o segundo semestre tente a ser mais positivo para o comércio varejista que o primeiro, principalmente pela presença de datas comemorativas importantes como o Natal, a Black Friday, o Dia das Crianças, e para alguns segmentos, o Dia dos Pais.

Na segunda parte do ano, teremos ainda a injeção de recursos do 13° salário e um período mais propício às vagas temporárias, necessárias para atender o aumento pontual da demanda. Todo esse movimento tente a beneficiar o comércio varejista. No entanto, se os números serão melhores ou piores que em 2020, só o combate à pandemia e o avanço da vacinação nos dirão.

8. Rogério Nery de Siqueira Silva – Uma das principais conclusões de 2020, de acordo com muitos analistas, foi o lema “reinvente-se ou morra”. De que o modo o comércio mineiro fez um esforço para apressar a transformação digital e adotar novas maneiras de ativar o relacionamento com os clientes e consumidores? Quais as dificuldades que alguns segmentos comerciais tiveram para implementar essa agenda? E, de outro lado, seria possível mencionar alguns exemplos interessantes?

Maria Luiza Maia Oliveira – A inovação e a tecnologia estão cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas e a pandemia acelerou esse processo. Com a paralisação das atividades econômicas, muitos empresários precisaram recorrer à internet para manter suas operações. Em novembro do ano passado, uma pesquisa da Fecomércio MG apontou que 26,8% das empresas mineiras atuam também no e-commerce, a fim de ampliar suas vendas. Apesar de tímido, esse número mostra que está em curso um processo de transformação digital de todo o setor.

É importante sempre estar atento as novidades e apostar em novas tecnologias. Se antes as redes sociais eram utilizadas apenas como entretenimento, hoje são fonte de renda para quem aposta na visibilidade dessas plataformas a fim de potencializar as vendas. Nesse contexto, 85,0% dos negócios são realizados pelas redes sociais das empresas, que usam o espaço para divulgar seus produtos e serviços.

No entanto, há fatores que desafiam os empresários ao adotar essas plataformas, como a falta de planejamento e/ou conhecimento, a dificuldade de acesso à internet, a falta de capital para investimento e a logística. Para apoiar esses empresários, a Fecomércio MG promoveu, ao longo de 2020, uma série de lives sobre e-commerce, presença digital, gestão e vendas. Com a parceria de profissionais do Facebook, realizamos transmissões com dicas básicas para empreendedores usarem o Facebook e o Instagram como canais de vendas.

Em outra frente, a Fecomércio MG, em parceria com a CDL/BH, o Sebrae Minas e a Federaminas, criou o movimento ‘Juntos Por Você’. A iniciativa oferece a empresários de micros e pequenos negócios acesso a orientações, produtos e informações essenciais neste momento de crise. O portal (www.juntosporvoce.com) reúne, de forma gratuita, conteúdos produzidos pelas entidades sobre temas como gestão de planilhas, organização de custos, desenvolvimento de negócios inovadores, guias e consultorias on-line jurídicas, de gestão e marketing digital.

9. Rogério Nery de Siqueira Silva – O Sistema Fecomércio detém instituições muito queridas da população, como o Senac e o Sesc, ambas uma celebração às boas aglomerações — educacionais e socioculturais. Como foi a adaptação de ambas a esse cenário e como prepará-las para um “novo normal” que certamente será diferente da vida que tínhamos até 2019?


Maria Luiza Maia Oliveira – O Sesc em Minas, na área da Cultura, promoveu uma intensa programação on-line, que conectou milhares de pessoas e pontos de vistas diversos. Já na área da Saúde, em 2020, o Sesc Praça da Saúde ampliou e facilitou o acesso a serviços essenciais nos municípios de Araxá, Belo Horizonte e Governador Valadares. Foram mais de 23 mil atendimentos e centenas de vidas transformadas em quatro meses, por meio de investimentos da instituição.

Já as Unidades Móveis de Saúde do Sesc levaram atendimento de alta qualidade e sem custo para trabalhadores do comércio e pessoas em situação de vulnerabilidade social. Viabilizado por meio de parcerias com os Sindicomércios e prefeituras, o projeto terá continuidade em 2021.

Reafirmando o compromisso em oferecer serviços e ações que melhorem a qualidade de vida dos mineiros, o Sesc contribui com a campanha de vacinação, disponibilizando suas unidades para as prefeituras e a Secretaria de Estado de Saúde utilizarem como pontos de imunização contra a Covid-19. Os espaços do Sesc em Belo Horizonte, Contagem e Santa Luzia servem a essa parceria desde o início da vacinação.

No âmbito educacional, o Sesc oferece apoio psicossocial a centenas de famílias de estudantes que integram as atividades do Programa Educação, em 15 cidades mineiras, por meio do Plantão Social. A iniciativa consiste na escuta qualificada por telefone, de forma ativa e receptiva, para acolhimento das demandas emocionais, orientações sobre atividades escolares, rotina familiar e encaminhamento para benefícios e direitos sociais às famílias de estudantes dos Colégios Sesc, Cria Sesc, Projeto Habilidades de Estudo (PHE) e Sesc Alfabetização.

Já na área de Assistência, só em 2020, o Programa Mesa Brasil Sesc distribuiu 5,998 toneladas de alimentos para mais de 1,225 milhão de pessoas, beneficiando 1.582 instituições em Minas Gerais. Nesse período, o Sesc Venda Nova foi local de acolhimento provisório e emergencial para pessoas em situação de rua e outras vulnerabilidades sociais com suspeita ou confirmação de Covid-19. Além disso, o Sesc ofereceu 260 unidades habitacionais, enxoval, serviços de lavanderia e itens de higiene diários e individuais, em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte.

Já o Senac rapidamente se adaptou ao novo cenário e, desde abril de 2020, ofereceu a seus alunos a possibilidade de assistir às aulas virtualmente, com a condução do docente, material adaptado e suporte da equipe pedagógica. Mesmo diante de um ano atípico, conseguimos atender 33 mil alunos. A qualificação gerada pela grande oferta dos cursos fez a diferença na busca pela empregabilidade e geração de renda.

Para os empresários, o Senac em Minas criou o Programa EvoluE, um conjunto de soluções para desenvolver competências gerenciais, mercadológicas e normas de saúde e segurança para segmentos específicos do comércio de bens, serviços e turismo. O portfólio foi definido após realização de pesquisa com empresas no estado, atendendo as necessidades apontadas.

Já as palestras, workshops e eventos migraram totalmente para a plataforma virtual. No ano passado, foram 94 lives, atingindo um público estimado de 288 mil pessoas. Diante do novo cenário pós-pandemia, o Senac em Minas já avalia a adaptação de seu portfólio a modelos flexíveis de ensino.

10. Rogério Nery de Siqueira Silva – Tivemos em março o Dia Internacional da Mulher. Qual o significado de a entidade máxima do comércio mineiro ter uma mulher à frente? Ainda há algum preconceito velado para a atuação da mulher em cargos de liderança ou esse panorama está mudando?

Maria Luiza Maia Oliveira – É um grande desafio assumir a presidência interina da Fecomércio MG, sendo a primeira mulher no cargo em todas as federações do Brasil. Liderar uma entidade octogenária é uma função que desempenho com afinco. Por isso, prezo por uma gestão pautada pelo aprimoramento constante e pela busca por soluções que fortaleçam o comércio de bens, serviços e turismo.

Acredito que as mulheres vêm conquistando aos poucos os espaços que almejam. Somos tão capazes de liderar como os homens, pois assumimos responsabilidades muito cedo para sermos mãe, liderarmos uma casa, cuidarmos dos filhos. Toda mulher faz muita coisa ao mesmo tempo; e mesmo assim vamos aos pouquinhos atingindo cargos de liderança, como é o meu caso e de muitas outras mulheres.

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