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Pedro Sampaio: “Quero ser um artista que dá exemplo e faz além do esperado”
Pedro Sampaio, de 24 anos de idade, é um fenômeno. Com pouco mais de três anos de carreira, o artista soma 7 milhões de ouvintes no Spotify, 938 milhões de views em seus clipes no YouTube e 4 milhões de seguidores no Instagram. Os números são reflexo de uma coleção de hits, que o colocaram, inclusive, como o único artista pop brasileiro a emplacar duas músicas ao mesmo tempo na Billboard Global nos últimos meses.
O músico já gravou – e fez sucesso – ao lado de nomes como Lexa, Wesley Safadão e, mais recentemente, realizou seu sonho de uma parceria com Anitta. Agora, Pedro explora outros ritmos em feats com Ferrugem e Zé Vaqueiro, por exemplo.
Além da música, o artista é conhecido por seu currículo amoroso estrelado. Ele já namorou Gkay, vive “amizade colorida” com Luísa Sonza, ficou com Anitta e tem a torcida do público para um envolvimento com Giulia Be.
Na última semana, Pedro lançou seu primeiro álbum, Chama Meu Nome, no qual mostra sua variedade de talentos como DJ, cantor, produtor, marketeiro, empresário e diretor criativo. Acima de tudo, tem o posicionamento de não querer se colocar num “nicho” e se define “apenas” como Pedro Sampaio. Em um bate-papo leve de uma hora e meia, ele contou sua evolução pessoal e profissional ao longo dos últimos anos, fazendo questão de destacar pontos importantes de sua trajetória, dificuldades e realizações.
“Meu atual momento é de autodescoberta. Inclusive, foi um dos motivos de fazer o álbum. Fui me conhecendo mais como artista e pessoa e me senti preparado para esse projeto. Qualquer artista que quer uma carreira longa e duradoura deseja criar uma era para seu trabalho”, avalia.
Ao anunciar o projeto, Pedro chegou a responder uma crítica na internet sobre “ninguém ouvir mais álbuns completos, ainda mais de funk”. Antes de qualquer objetivo na indústria fonográfica, Chama Meu Nome é uma chance do artista se divertir.
“Meu atual momento é de autodescoberta. Qualquer artista que quer uma carreira longa e duradoura deseja criar uma era para seu trabalho”
“A minha leitura talvez seja diferente da do mercado. No Brasil, a gente entende que é muito importante acertar os singles, como eu venho fazendo. Nunca errei. No álbum, eu consigo me aventurar em ritmos que não seriam a melhor opção para serem singles, assim como as parcerias. O álbum me permite brincar mais com a minha arte, algo de que eu estava precisando. Apesar de me divertir muito fazendo o que eu faço, o projeto foi uma imersão total no que eu sou capaz de fazer”, explica.
Pedro define sua escolha de parcerias como “riqueza musical”. Entre elas estão Ferrugem no pagode, MC Pedrinho e MC Don Juan no funk, Anitta e Luísa Sonza no pop, KSVH na música eletrônica e Zé Vaqueiro no piseiro.
“Essa reunião de ritmos é a minha essência e me dá confiança para, no futuro, representar o Brasil de forma mista para o mundo inteiro”
“Pensei no meu álbum como meu show, que mistura muitos ritmos. Vou de Tchakabum a David Guetta num piscar de olhos. Todos os artistas que estão ali, eu tinha desejo de colaborar e consegui realizar. Essa reunião de ritmos é a minha essência e me dá a confiança para, no futuro, representar o Brasil de forma mista para o mundo inteiro. Sinto que eu consigo transitar por diversos ritmos de forma natural e com personalidade”, afirma.
O projeto também conta a história do artista no feat com MC Jefinho na faixa que abre e dá nome ao álbum. Foi o funkeiro quem deu voz ao famoso bordão “Chama meu nome! Pe-dro Sam-pa-io”. “Jefinho está no Aquecimento do Pedro Sampaio, que tomou proporções gigantescas e inesperadas. Eu criei para o meu show, não era para ser lançado, mas as pessoas pediram para ouvir. Essa coisa de Pe-dro Sam-pa-io foi um apelo popular e se tornou parte de mim. Como forma de gratidão e parceira, trouxe o Jefinho para a faixa, já que veio dele essa expressão”, explica.
Para divulgar o trabalho, Pedro criou o conceito da ilha fictícia de Chama Meu Nome, onde mostra seu interesse pela parte visual do mercado e ilustra como sua música impacta diferentes públicos.
“Sou um artista em construção, uma pessoa em construção e tenho evoluído. Todas as minhas músicas tocam nas baladas, mas também para a galera mais velha e para crianças, seja na escola ou em festas infantis. Criei um ambiente pensado num só lugar onde todos podem sentir as mesmas sensações entrando em contato com a minha arte, só que cada um interpretando de uma forma. Isso fica explícito quando eu falo dos habitantes, como o abacaxi e o cogumelo. Todos têm a mesma expressão facial. É o símbolo do álbum, que eu peguei do meu sorriso. Para isso, fiz um experimento social. Mostrei a carinha para diversas pessoas, e cada uma via uma coisa, seja uma expressão de felicidade genuína, de chapado, ou de algo engraçado. Queria algo simples que transmitisse diversas sensações, como minha música faz. Criei um símbolo que deu o tom que eu precisava para os habitantes dessa ilha. E acho que tudo fica mais fácil quando a gente cria um ambiente para contar uma história, e as pessoas entendem melhor”, acredita.
“Sou um artista em construção, uma pessoa em construção e tenho evoluído”
O álbum saiu no último dia 2 de fevereiro, ou seja, 2/2/2022. A ideia de Pedro era lançar um dia antes, mas o fato de ter sonhado com os números o fez repensar. Segundo ele, é comum sua intuição falar mais alto do que uma estratégia previamente montada.
“Com o tempo, se a gente deixar, vai ficando engessado, no sentido criativo, por precisar de muitas pessoas e aprovações. Isso acaba adormecendo o lado criança, que é intuitivo. Por diversas vezes eu deixo minha intuição ditar o rumo das decisões. Sonhei com esse número, que é lindo, redondinho, e um dia depois do que eu pretendia lançar. Falei com a minha equipe, eles entenderam porque já me conhecem”, conta.
Mas nem sempre a intuição acerta. Ao buscar participações para Chama Meu Nome, um artista muito estourado – que ele preferiu não revelar de quem se trata – “sumiu sem deixar rastros” após uma longa negociação e um encontro que foi, ao mesmo tempo, marcante e frustrante para Pedro. “Falamos com a equipe dele e mandamos a música. Eu já sabia da dificuldade, mas insisti. Falei ‘a gente nem precisa ir para estúdio, eu gravo sua voz no hotel em que você estiver, em qualquer lugar do Brasil’”, relembra.
A gravação foi marcada inicialmente no Rio, onde Pedro mora, mas o produtor do artista procurado entrou em contato faltando dez minutos para o encontro e disse que a voz do cantor não estava legal, o que não fez o DJ desacreditar. “Mas o auge foi a gente ter marcado com uma semana de antecedência, quando ele estaria em São Paulo, e viajei só para isso. Chegou o dia e fiquei esperando o ‘ok’ para ir para o hotel dele. Imaginava que a participação seria incrível mesmo com o contato sempre muito complicado. Estava marcado para as 16h, e o produtor dizia que ele estava dormindo. Quando deu 20h, o produtor disse ‘passa aqui para dar um abraço nele’, e eu falei que a gente tinha marcado mesmo era para gravar a voz. Eu fui porque imaginei que seria uma oportunidade. Paramos em frente ao hotel dele, meu produtor interfonou, e o artista ora estava acordando, ora tomando banho, ora comendo. Nessa brincadeira, foram 40 minutos. Depois desse tempo, o produtor dele ligou pedindo para que esperasse na porta do hotel, como se eu fosse um fã maluco”, detalha.
“O mínimo era o produtor levá-lo na minha van, mas falou ‘vamos lá, rapaz, a gente está atrasado’. Eu saí, fui até o artista e ele me cumprimentou. Fui conduzindo-o até a van, mesmo já sabendo que tinha menos de dois minutos. Eu já sabia que não daria para fazer nada, mas só precisava fazer aquele encontro ser marcante para num futuro a gente fazer acontecer”, complementa.
Na ocasião, Pedro havia levado para o cantor de presente um colar de santinha, com o qual iria presenteá-lo após a gravação da voz, mas achou melhor entregar no primeiro encontro para tornar tudo ainda mais especial. “Ele tirou o escapulário dele, colocou em mim, e colocou nele o que eu presenteei. Falei ‘estou sentindo que vai rolar’. Não rolou nada, ele sumiu, ninguém explicou o que houve e lancei o álbum sem esse artista. Mas é isso, tem que buscar. Mesmo se não der certo, valeu a experiência. Foi bizarro. Ele também está num momento muito bom, e o feat seria muito importante para nós dois. Não sei se eu iria atrás de novo porque seria algo para o álbum. Não por orgulho, porque é um cara que eu admiro muito”, admite.
Também para o álbum, Pedro planejava um feat com Pabllo Vittar, mas novamente ouviu sua intuição e entendeu que não seria o momento. “A gente vinha falando de feat há um tempo. Claro que toda música é muito importante, mas algo com ela não pode ter erro. Tenho que multiplicar meu perfeccionismo por cem pelo que ela significa, pela artista que é e pelas barreiras que quebrou. Até então, estaria no álbum, os fãs pediam isso no Twitter. Comecei a trocar com os produtores dela, mas senti que ainda não era para ser. Não ia dar tempo, e também não ia fazer qualquer coisa só para ter o nome da Pabllo ali. Decidimos esperar esse momento passar para depois fazermos essa parceria”, diz.
O coração também falou mais alto em dezembro, quando ele destinou o cachê do show em Barra Grande para as cidades afetadas pelas chuvas na Bahia durante o período.
“Vi que o [Wesley] Safadão tinha feito isso antes de mim, e quando eu estava chegando no local, a gente sobrevoou algumas regiões alagadas e era assustador. Não ficaria em paz se não fizesse aquilo. Enquanto a gente cresce, cada vez mais tem que ter outras responsabilidades. Não é só fazer o show, pegar o cachê e ir embora. A gente está passando uma informação, e eu quero ser um artista que dá o exemplo e faz além do esperado. Sabia que aquele era o melhor caminho, ainda mais quando sobrevoei o estado e vi de perto a real situação. Não completamente, porque eu não estava vivendo lá, claro. Além das notícias, ter sido impactado visualmente por aquilo foi muito chocante”, relembra.
Essa foi só uma das ações solidárias do artista. Na véspera do lançamento de seu álbum, ele reuniu cem pessoas para uma audição em Manaus, numa mega estrutura montada no centro do Rio Negro. Os fãs doaram 2kg de alimentos para entrar no evento e, consequentemente, ajudar os projetos sociais da região e as comunidades indígenas.
“Gosto de cada vez mais acoplar ações sociais nos meus projetos profissionais. Se a gente impacta mais de um milhão de pessoas com um post, faz com que mais de mil pessoas comprem algo, a gente tem que reverter isso socialmente também”, acredita.
“Se a gente impacta mais de um milhão de pessoas com um post, faz com que mais de mil pessoas comprem algo, a gente tem que reverter isso socialmente também”
Além da música e de ações sociais, a criatividade de Pedro também é vista nos negócios. Para o single Pode Dançar, ele criou um moletom temático e, agora, pretende repetir a experiência no segmento da moda – algo pelo que tem que grande interesse – atrelado ao seu primeiro álbum.
“Vamos lançar a marca de roupas Chama Meu Nome. A pessoa criativa não se limita só a um nicho, ela vê o mundo de uma forma diferente. Minha criatividade aflorou mais rapidamente para a música, mas eu já a identifico para as estratégias de marketing. E todas têm minha opinião. Às vezes, é um pouco maçante, mas eu faço questão. O processo me faz brilhar o olho, e entender que no fim de tudo eu entreguei divulgação, música e clipe para ter uma resposta ainda melhor do público. O jogo está valendo o tempo inteiro e preciso jogar de verdade em todas as posições. Isso torna tudo ainda mais personalizado, e o processo ainda vira portfólio para todo mundo que trabalha comigo”, reflete.
Com tantas responsabilidades, Pedro sente o peso da própria cobrança sobre a carreira. “Cada lançamento é como se eu nunca tivesse lançado nada. Não consigo me acostumar, e espero nunca me acostumar. Sempre penso que a fonte secou, às vezes até para fazer música. Mas quando eu sento para fazer, o negócio acontece e eu penso ‘agora mesmo que não tem mais nada’ (risos). Eu funciono por temporadas e ativo Pedros diferentes, seja o produtor ou o do marketing, quando eu nem piso em estúdio. Quanto ao público, entendo que é mais do que cobrança. É algo genuíno, é uma expectativa porque adoram o fuzuê que eu faço para lançar uma música”, analisa.
Pedro investe seu retorno financeiro em viagens e roupas, mas diz não ser consumista e apegado ao que o dinheiro pode proporcionar. “Não sou um cara de muitos sonhos materiais. Nem acompanho muito de perto minha vida financeira, inclusive isso é uma coisa que eu preciso melhorar. Lógico que eu sei a faixa do meu cachê e sei do meu momento, mas não é isso que me move. Estou em construção, e minha carreira não vai acontecer se eu fizer as coisas só pensando no dinheiro. O artista que só pensa no retorno financeiro, não dura”, acredita ele.
“Minha carreira não vai acontecer se eu fizer as coisas só pensando no dinheiro”
No começo da carreira, Pedro já manifestava o desejo de gravar com Anitta. O feat saiu há um mês, No Chão Novinha. Pedro destaca uma série de aprendizados com quem acredita ser uma das maiores artistas do Brasil.
“Sempre aprendi muito com Anitta, e no processo de lançamento de No Chão Novinha não foi diferente. Estar perto dela na gravação de um clipe e na criação de uma estratégia é sempre muito proveitoso pessoal e profissionalmente. Existem algumas coisas que eu vejo que ela faz que eu não conseguiria de jeito nenhum. Ela tem um jeito diferente do meu, e não é novidade para ninguém que às vezes ela fala mais pesado e briga pelo que quer. Mas ela me ensinou a ter controle emocional, o que é importante principalmente para o artista que está começando. Onde ela vai, vai uma multidão atrás, e aprendi bastante com o jeito dela em lidar com essas situações”, declara ele, que não se vê como uma celebridade apesar do apelo popular.
“Entendo que as pessoas me vejam como uma celebridade, mas talvez eu nunca vá me ver. Se rotular assim agrega outras coisas, como uma vida muito exposta e escândalos. Acredito que meus fãs me vejam assim porque amam meu trabalho, porque é isso que eu entrego, meu show, minha música e minha energia”, avalia.
Em seu trabalho, Pedro conta com o engajamento nas redes sociais. Segundo ele, diferentemente de um movimento recente de cantores, o TikTok impulsiona as músicas e a tendência é aceitar a importância do aplicativo para que algo vire hit.
“Eu lamento muito artistas pensarem desse jeito porque vão ficar para trás. O mercado é um organismo vivo, se movimenta e se atualiza constantemente, e o TikTok faz parte disso. Não só o aplicativo, mas as plataformas digitais e a internet como um todo. Artistas que pensam assim não conseguem se sustentar. Existem cantores renomadíssimos, como Gilberto Gil e Caetano Veloso, fazendo ações com TikTok e YouTube. Minha música é dançante, focada na alegria. Para que faça ainda mais sentido, a dança tem que estar presente. O TikTok veio pra somar e muito, mas não mudei meu jeito de criar”, pontua.
No melhor momento de sua carreira, Pedro acredita que atingir a plena realização é só questão de tempo. “Me considero realizado, mas não cem por cento. Sou realizado por fazer o que amo, estar com quem eu amo, ver minha equipe crescer e ver as pessoas que me acompanham”, conclui.
CRÉDITOS:
Reportagem: Bia Rohen | @biarohen
Fotos: Rodolfo Magalhães | @rodolfomagalhaes
Design de capa: Eduardo Garcia | @eduardogarda
Styling: Malena Russo | @malenarusso
Beauty e Hair: Eliseu Santanna | @eliseusantana
Assessoria de Imprensa: BPMcom | @soubpmcom
Edição: Giulianna Campos | @giuliannacampos
Fonte: Portal Quem